Pony Veículos: O Case que Fez o Mercado Automotivo Rir da Própria Cara (E Vender Muito Mais)

Conheci a Pony Veículos de uma forma que até parece tirada de uma dessas viradas clichês de filme de superção. Em 2017, eu estava prestando consultoria para uma concessionária que queria se diferenciar no meio do mar de clichês: "preço imbatível", "melhor avaliação do seu usado", e o infalível "imperdível".

Tentando tirar um coelho da cartola, algo me chamou a atenção: uma tal de Pony Veículos, uma pequena loja de Goiânia que estava viralizando. E como? Com uma abordagem que não tinha nada a ver com planos mirabolantes ou orçamentos milionários — era humor puro e simples, daquele jeito que nós amamos.

A Pony, assim como o Cemitério Jardim da Ressurreição, jogou todas as expectativas do mercado tradicional pela janela e provou que humor funciona. Mas a Pony foi ainda mais longe: usou humor junto com uma transparência brutal, coisa rara no mercado automotivo, onde a maquiagem é quase obrigatória.

Os caras não vendiam apenas carros, eles contavam uma história — e não escondiam nada: nem os pontos fracos, nem os barulhinhos estranhos. Isso, meu amigo, explodiu.

O gênio por trás da zueira? Hugo Borges de Oliveira, o cara do marketing da Pony Veículos. Ele não tinha formação técnica em comunicação e, sinceramente, não precisou. Hugo começou a criar postagens usando a mesma linguagem que você usaria numa conversa com um amigo no bar. Ele percebeu que todo mundo estava seguindo a cartilha tradicional — e resolveu jogar essa cartilha fora. Afinal, quem aguenta ouvir de novo sobre "taxas imbatíveis"?

Assim, em 2016, Hugo decidiu que a melhor estratégia seria ser radicalmente honesto: destacar os defeitos dos carros como se fossem personagens de um stand-up. O cliente não apenas via o carro; ele ria junto, sabia o que estava levando para casa e, por isso, confiava na Pony.

Um dos primeiros anúncios a viralizar foi o do Fiat Uno, apelidado de "Deus das Estradas", descrito como "vilão confirmado na próxima temporada do The Flash" e com "design cubista revolucionário de Pablo Picasso". Esses toques de humor fizeram com que não apenas clicassem, mas compartilhassem a postagem para todos os amigos.

Outro exemplo ícone foi o do Chevrolet Celta, com descrições do tipo "câmbio mais curto que coice de porco" e "só sai do semáforo cantando pneu". E o que aconteceu? As pessoas riram, curtiram e, mais importante, confiaram. O carro tinha suas peculiaridades? Claro que sim! Mas estavam todas ali, à mostra, sem truques de vendedor.

Esse estilo transformou a Pony Veículos em um fenômeno. A página, que inicialmente tinha cerca de 10 mil seguidores, chegou aos 30 mil em poucos meses. E o melhor? As postagens não só viralizavam, mas geravam vendas reais. Clientes vieram de outras partes do Brasil, atraídos pela honestidade e pelo humor.

Enquanto isso, eu assistia ao fenômeno e pensava: como aplicar isso em meu trabalho? A resposta estava clara como o dia: a honestidade é irresistível quando combinada com risadas sinceras. Foi uma lição de humildade, perceber que a simplicidade às vezes supera todas as estratégias sofisticadas.

O que fez a Pony Veículos se destacar foi usar humor como ferramenta de conexão, não de ridicularização. Hugo e sua equipe conseguiram fazer as pessoas rirem e, ao mesmo tempo, engajar com a loja. Mais do que vender carros, eles estavam vendendo uma experiência, algo que fazia o cliente relaxar e pensar: "Pô, esse pessoal é gente como a gente!"

Quem não gostaria de saber de maneira honesta e divertida que o carro "faz um barulho esquisito no motor, mas é para garantir que você não durma ao volante"? Eles quebraram a formalidade do mercado automotivo e fizeram as pessoas se sentirem mais à vontade.

Outra coisa que vale destacar: o engajamento. Hugo e a equipe respondiam a comentários com o mesmo humor das postagens. Se tinha meme, eles entravam na brincadeira. Pergunta espírituosa? Eles respondiam com autoironia. Essa interação humanizou a marca e criou um sentimento de comunidade em torno da Pony.

Não é à toa que clientes falavam abertamente que preferiam comprar na Pony pela experiência — algo que simplesmente não tem preço. E, claro, os concorrentes tentaram imitar. Não demorou para aparecerem outras revendedoras tentando pegar carona no sucesso com um tom mais descontraído, mas faltava a espontaneidade que a Pony tinha de sobra.

O mercado automotivo é viciado em clichês: “melhor taxa”, “melhor avaliação”, “imperdível”. A Pony mostrou que quebrar essas expectativas é o primeiro passo para se destacar. Ser autêntico pode ser a melhor propaganda.

Não adianta fazer piada se você não estiver disposto a ser transparente. Mostrar os defeitos do carro com leveza gerou confiança e empatia, algo raro nesse mercado. Humor sem honestidade é apenas zoeira vazia, mas juntos, são poderosos.

Ter uma voz autêntica fez da Pony uma marca não apenas conhecida, mas querida. As pessoas sentiam que estavam interagindo com pessoas reais, e não com um robô de marketing automotivo. A humanização da comunicação foi o grande diferencial.

Responder aos comentários com humor e estar presente nas interações gerou um senso de comunidade. A experiência de compra se tornava mais do que uma simples transação comercial — era uma história para contar.

Se a Pony tivesse seguido a linha tradicional, seria apenas mais uma revendedora no Facebook. Ao ousar, ao abraçar suas particularidades, se tornou única. Se você quer se destacar, ser diferente é a única opção.

A Pony Veículos é mais do que um case de marketing — é uma aula sobre como a criatividade e a autenticidade podem transformar um negócio. O que começou como uma tentativa de se destacar no Facebook se transformou em uma revolução no jeito de vender carros. Para mim, como consultor, a Pony foi um divisor de águas. Mostrou que é possível inovar em qualquer setor, desde que se esteja disposto a ser verdadeiro e não ter medo de ser diferente.

Assim como o Cemitério Jardim da Ressurreição, a Pony não teve medo de quebrar tabus. Mostrou que, ao abraçar peculiaridades e usar o humor a seu favor, é possível transformar qualquer produto, por mais comum que seja, em algo extraordinário.